quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Jornalismo para quem não lê, reclama sem razão e agride anonimamente

Na madrugada de quarta para quinta-feira publiquei um post sobre Cruzeiro 1 x 2 Palmeiras. É o anterior a este, não é nada complicado acessar. De qualquer forma, aqui vão alguns trechos, a repercussão e a reflexão.

"E com gol de Vágner Love no jeito do artilheiro, na arrancada velocíssima em direção à meta. (...) Aliás, o camisa 9 cavou a falta que gerou o primeiro gol palmeirense, outro erro da arbitragem (...)".

Então apareceram os comentários no blog: às 15h27, "Aguinaldo Garcez - Caro Mauro, Você deveria ter o mesmo rigor, (o falta de), em relação as infrações fora da área, pois partindo da sua premissa, cabe a seguinte indagação: - O gol de falta do Palmeiras foi legal? esclarecendo, foi mesmo falta o lance que originou o gol do Palmeiras?(...)".
Às 13h48, "Cristiano - Mauro, seguindo a sua linha de interpretação, será que a falta no Love que originou o primeiro gol do Palmeiras, foi realmente falta?? Por que não se fala disso??"

Ora, será que não fui claro o bastante com o trecho do post onde se lê: "o camisa 9 cavou a falta que gerou o primeiro gol palmeirense, outro erro da arbitragem"?

Ainda no blog, escrevi: "(...) Fabrício e Jumar tocam na bola ao mesmo tempo na única jogada que rende alguma discussão entre as muitas nas quais as pessoas clamaram pela falta máxima do futebol. Isso, claro, em minha opinião, respeito os que pensam de forma diferente, posso estar enganado, etc..."

E aí vêm as mensagens no blog, por exemplo: às 10h08, "Marcelo do Galo - Sou atleticano, fanático como todos nós alvinegros somos. Odeio o Cruzeiro, como todos os que são alucinados pelo Galo. Torci pelo Palmeiras, mesmo que sua derrota representasse vantgem ao meu time. Achei que vc, Mauro Cezar, fosse a última voz lúcida da imprensa de São Paulo. (...) Desta feita o blogueiro foi extremamente infeliz em sua análise".

A mesma pessoa que admite ser passional quando o assunto é futebol decreta que minha opinião nada vale porque é ele quem está certo. Intolerância? Isso depois que escrevi "em minha opinião, respeito os que pensam de forma diferente, posso estar enganado..." E mais, eu NÃO sou da imprensa de São Paulo, sou da imprensa.

Mais tarde outro comentário, às 20h19, "Fabio Loranz - "Mauro, o Miranda também tocou na bola primeiro e o MUNDO caiu em cima do São Paulo. (...) Vc ta querendo ser mais verdadeiro que a verdade, só pq tem um meio de comunicação ao seu dispor".

Se no post eu escrevi "posso estar enganado", como estarei tentando me tornar "dono da verdade"? E mais: eu disse que não houve pênalti de Miranda várias vezes na programação da ESPN Brasil desde domingo, quando jogaram Santo André e São Paulo. Qual a razão da cobrança?

E as mensagens acima são educadas, publicáveis, tanto que aqui as reproduzo novamente. Ofensas profissionais, pessoais, de toda ordem, são enviadas com uma naturalidade inaceitável por déspotas que sequer usam seus verdadeiros nomes e e-mails. Alguns, com atividade cerebral digna de um protozoário, até posam de intelectuais.

Discordar, debater, analisar, tentar convencer alguém de algo, tudo isso é normal e pode ser saudável quando se debate futebol, entre outros assuntos, até os mais sérios. Mas intolerância é demais. Quanto vale uma pessoa que se esconde atrás de um computador para agredir quem está trabalhando apenas porque o blogueiro não escreveu aquilo que ela exige que seja escrito?

Muitos não valem nem mesmo uma simples resposta, e para isso existe nossa sempre eficiente tecla delete. Covardia, cretinice, falta de respeito se espalha pela rede como um vírus que contamina idiotas incapazes de debater futebol aceitando opiniões, concordando e discordando. Gente assim me faria um favor se desaparecesse de vez desse espaço. Mas se insistirem, nenhum problema, a tecla delete é o cão de guarda deste blog. Os demais serão sempre bem-vindos.

PS: que fique claro, se aconteceram 18 ou nenhum pênalti quarta-feira no Mineirão é questão menor para este blog. Absurda, inaceitável, intolerável é a reação de energúmenos que se escondem atrás de uma máquina, de um computador. (Atendendo a pedidos de pessoas sensatas que escreveram comentários abaixo, retirei do post a palavra mais adequada que encontrei para qualificar os elementos citados neste 'PS'. Peço desculpas aos que sentiram-se atingidos, embora não tenha sido utilizada para todos, evidentemente, como a última frase antes do 'PS' deixa claro).

Fonte: blog do Mauro Cézar Pereira, de 24/09/2009, no site www.espn.com.br (acerca dos ditos protozoários digitais citados no post anterior)

Sim, eu torço contra a candidatura do Rio a sede dos Jogos Olímpicos de 2016

O Brasil tenta, mais uma vez, trazer os Jogos Olímpicos para o Rio de Janeiro. Sou contra. Antes que me rotulem como bairrista, informo a quem interessar possa que nasci e cresci em Niterói (RJ) e nada tenho contra a "Cidade Maravilhosa", onde por anos estudei e trabalhei. Pelo contrário. Apenas vejo a realização de tal evento na capital fluminense como um erro, simplesmente porque não acredito que vá levar benefícios aos cariocas.

Como não levaria aos habitantes de Belo Horizonte, Salvador, São Paulo, Teresina, Porto Alegre, Boa Vista ou qualquer outra candidata a sede localizada em território brasileiro. O Pan de 2007 mostrou isso. Simplesmente não há o tal legado, argumento frágil tão utilizado pelos defensores da candidatura do Rio. Ou seja, o legado é uma mentira. Os transportes públicos não melhoraram, tampouco a segurança, a saúde, etc.

O Engenhão foi entregue ao Botafogo, que passou a arcar com uma despesa de manutenção em torno de R$ 400 mil mensais. E o ex-prefeito achou que, por se livrar desse custo, fez um bom negócio. Como se o estádio não tivesse custado R$ 400 milhões aos cofres públicos, dinheiro dos nossos impostos. Já o velódromo ficou sem competições de ciclismo por 240 dias depois do Pan, embora tenha abrigado provas de patinação e treinamentos de judô.

Já o parque aquático Maria Lenk, não serve para Olimpíadas. Ele terá que sofrer reforma$ para abrigar apenas competições de saltos ornamentais e pólo aquático. Naturalmente querem levantar outro!!! Um novo complexo de piscinas com arquibancadas para 18 mil torcedores. Por que não fizeram um assim logo? Mais um óbvio elefante branco pós-olímpico. Quanto à Arena Multiuso, virou casa de shows. E por aí vai, ou foi.

A Baía de Guanabara continuou poluída, o saneamento das lagoas Rodrigo de Freitas, da Barra e Jacarepaguá ficou na promessa, corredores de ônibus também, assim como outros benefícios anunciados e até hoje aguardados. Se não cumpriram no Pan, qual o motivo para que acreditemos que desta vez será diferente? Por essas e outras sou radicalmente contra os Jogos Olímpicos no Brasil, não importa em que cidade, assim como a Copa de 2014.

É evidente que a cobertura jornalística precisa ser feita, independentemente dessa questão política. Nem por isso deve-se apoiar a realização do evento, faz isso quem quer, quem acredita que vá mesmo trazer benefícios. O Mundial de futebol do ano que vem na África do Sul é outro absurdo. Até dinheiro destinado à construção de hospitais chegou a ser desviado para obras em novos estádios. Nem por isso vamos ignorar a próxima Copa, muito menos tais excrescências.

Em resumo, o Brasil tem outras prioridades, falta dinheiro para o básico, os governantes não são confiáveis e a turma do COB não pode ser levada a sério. Esses são os meus argumentos, meu ponto de vista, sem ficar em cima do muro. Como jornalista, devo cobrir o evento e tudo que o cerca, antes, durante e depois, seja lá qual for a sede. Como cidadão, não vou engolir essa, acreditar nas promessas que já não me convenciam antes do Pan 2007 e agora ainda menos.

Acho que fui claro. Algum protozoário digital vai me chamar de bairrista assim mesmo. Azar dele.

PS: "protozoário digital" é especificamente o elemento que se enquadra num determinado perfil. Saiba mais clicando aqui e lendo o texto para evitar mal entendidos.

Fonte: blog do Mauro Cézar Pereira, de 29/09/2009 no site www.espn.com.br