Segue quase na íntegra cópia do e-mail encaminhado à BandnewsFM em 04/10/2011
A/C Ricardo Boechat (por favor, leia por volta de 9h, mesmo horário que leu o e-mail de um cliente)
Bom dia a todos. Decidi mandar este e-mail para explicar o motivo da greve dos bancários. Não queremos apenas aumento de salário. É importante sim termos este aumento, precisamos pagar as contas tanto quanto qualquer outra pessoa. Precisamos sustentar nossas famílias. E considerando que os bancos aumentam seus lucros em torno de 20% ao SEMESTRE, o quanto lhes custaria um aumento de 12% no ANO? O Santander por exemplo, tem 1/4 de seu lucro mundial retirado daqui do Brasil. E a contrapartida para funcionários e público em geral, qual é?
Quando o ex-presidente Lula fez sua campanha no primeiro mandato, criticou o sistema do então presidente FHC, dizendo que os bancos tinham lucros exorbitantes e não geravam emprego no país. Prometeu acabar com essa "farra do sistema bancário" e diga-me o que aconteceu? Recorde de lucro em cima de recorde de lucro.
Trabalho em um banco que contava com apenas uma agência na região entre o autódromo de Interlagos e Embu, via Cidade Dutra, Parelheiros, etc. UMA agência apenas para atender uma população de quase 600 mil pessoas. É justo? Por anos reinvidicamos a contratação de mais funcionários e abertura de mais agências, para facilitar o acesso do povo ao sistema bancário. Em 10 anos, conseguimos a abertura de apenas 1 agência. Precisamos de mais 4 ou 5 no mínimo!!!! Pedimos que boa parte do lucro que conseguimos, com nosso esforço, suor e saúde seja revertido em benefício tanto do corpo funcional, quanto da população em geral, com melhores equipamentos e mais funcionários e agências.
Pedimos também o fim de metas abusivas e assédio moral. A categoria é a que mais afasta no país, em virtude de problemas de saúde (tanto física, quanto mental). O risco inerente de assalto também é motivo para estresse. E com tudo isso, gerentes são pressionados, ameaçados de perder a função ou o emprego, se a agência não conseguir lucros cada vez maiores. Resultado disso: o cliente passa a ser visto apenas como número, como potencial fonte de venda de produtos. Entendam que todos queremos prestar um atendimento decente, mas as próprias empresas que colocam o ótimo atendimento como prioridade na mídia, fazem o contrário na verdade.
Além de tudo isso, as negociações não começaram agora. Muitos itens vem sendo negociados desde a campanha anterior, às vezes são pautas até mais antigas. Como todo ano, os banqueiros se recusam a sentar e apresentar propostas dignas de apreciação. Essas negociações ficam mais fortes a partir de maio, mas nada (ou muito pouco) é divulgado na mídia. Então a greve não "cai do céu", de uma hora para outra, procuramos evitá-la até o último instante possível, mas os banqueiros não se importam com o que acontece com a população. Os bancários sim, não temos outra alternativa para conseguir algo melhor.
E vamos desmistificar um fato: bancário não entra às 10h e sai às 16h. Não são raros os casos onde o funcionário de agência entra 8h ou 8:30h e saem após 18h (sem receber extra e correndo maior risco de sofrer assalto).
Em resumo a greve não é apenas para nosso benefício, mas a luta é para toda comunidade, principalmente pela geração de empregos, de forma a melhorar e humanizar o atendimento tão precário às camadas menos favorecidas (afinal, cliente que costuma sorrir EM PROPAGANDA é da classe A).
Grato
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