terça-feira, 17 de junho de 2014

Astrologia



Sistema Solar

Acontece com todos nós – astrônomos profissionais, amadores ativos e curiosos preguiçosos. É só falarmos a alguém de nosso interesse nos céus e rapidamente nos vemos arrastados a um debate sobre astrologia. Para muitos de nós é difícil saber como reagir educadamente a alguém que leva a sério essa antiga superstição. Qualquer pessoa está sujeita a se envolver numa discussão sobre o valor e a eficácia da astrologia. Assim, eis aqui um guia de fácil acesso para algumas das respostas que se pode dar às alegações dos astrólogos. A base da astrologia não poderia ser mais simples: o caráter e o destino de uma pessoa podem ser entendidos a partir das posições do Sol, da Lua e dos planetas no instante do nascimento. Interpretando a posição desses corpos celestes, mediante o uso de um mapa chamado horóscopo, os astrólogos alegam, prever e explicar o curso da vida e ainda ajudar pessoas, empresas e até nações em decisões de grande importância. Diariamente, milhares de pessoas baseiam cruciais decisões médicas, profissionais e pessoais em conselhos recebidos de astrólogos e de publicações dedicadas à astrologia.
A Astrologia (do grego astron, “astros”, “estrelas”, “corpos celestes”, e logos, “palavra”, “estudo”) é uma crença segundo a qual as posições relativas dos corpos celestes poderiam, hipoteticamente, prover informação sobre a personalidade, as relações humanas, e outros assuntos mundanos. É, como tal, uma atividade divinatória, quando usada como oráculo, mas também pode ser usada como ferramenta para definição das personalidades humanas. Jung em seus estudos chamava a este conceito de sincronicidade.
Ptolomeu

Os registros mais antigos sugerem que a Astrologia surgiu no terceiro milênio A.C.. Ela teve um importante papel na formação das culturas, e sua influência é encontrada na Astronomia antiga, nos Vedas, na Bíblia, e em várias disciplinas através da história. De fato, até a Era Moderna, Astrologia e astronomia eram indistinguíveis. A Astronomia começou a divergir gradualmente da Astrologia desde o tempo de Ptolomeu, e essa separação culminou no século XVIII com a remoção oficial da Astrologia do meio universitário. Só no século XX é que a Astrologia retomou a algumas universidades – nomeadamente nos EUA – após desenvolver-se naquilo que é hoje chamado de Astrologia contemporânea.
Os corpos celestes, na Antiguidade, pareciam ser deuses ou espíritos importantes ou, pelo menos, símbolos ou representantes de personagens divinos, que pareciam passar o tempo mexendo com as vidas diárias dos seres humanos. As pessoas procuravam ansiosamente no céu sinais que lhes permitissem descobrir o que os deuses fariam em seguida.
Considerado nesse contexto, um sistema que relacionasse os planetas brilhantes e as constelações zodiacais às significativas questões da vida tinha tudo para ser atraente e tranquilizador. E mesmo hoje, apesar de tantos esforços empregados no ensino e na divulgação da ciência, para muita gente o apelo da astrologia não diminuiu. Para essas pessoas, pensar no planeta Vênus como um mundo deserto, coberto de nuvens e quente como um forno é muito menos sedutor do que vê-lo como uma fonte de ajuda na hora de decidir um casamento. Os astrólogos afirmam que o movimento e posições dos corpos celestes podem influenciar diretamente, ou representar, eventos na Terra e em escala humana. Alguns astrólogos definem a Astrologia como uma linguagem simbólica, uma forma de arte, ou uma forma de vidência, enquanto outros definem como ciência social e humana. A comunidade científica considera que a Astrologia é uma pseudociência ou superstição, uma vez que, até hoje, nenhum astrólogo apresentou evidências oficiais acerca da eficácia de seus métodos.
Uma amostra da população

Uma boa maneira de começar a pensar na perspectiva astrológica é dar uma olhada cética, mas bem-humorada, nas consequências lógicas de algumas de suas alegações. Aqui estão minhas dez perguntas favoritas aos defensores da astrologia.
Qual a probabilidade de que 1/12 da população mundial esteja tendo o mesmo tipo de dia?
Os astrólogos que publicam horóscopos nos jornais (que aparecem em mais de 1200 diários, só nos Estados Unidos) asseguram que você pode saber algo sobre seu dia lendo um dos doze parágrafos no seu matutino predileto. Uma divisão elementar mostra que 400 milhões de pessoas pelo mundo afora terão o mesmo tipo de dia, todo santo dia. Dada a necessidade de atender a tantas expectativas ao mesmo tempo, torna-se claro o motivo pelo qual as previsões astrológicas vêm acondicionadas em um palavreado o mais vago e o mais genérico possível.
Por que a hora do nascimento, e não a da concepção é crucial para a astrologia?
A astrologia parece científica para algumas pessoas porque o horóscopo é baseado em um dado exato: o tempo do nascimento de cada um. Quando a astrologia foi estabelecida, há muito tempo, o instante do nascimento era considerado o ponto mágico da criação da vida. Mas hoje entendemos o nascimento como o ponto culminante de um desenvolvimento ininterrupto de nove meses dentro do útero. Tanto assim que atualmente cientistas acreditam que muitos aspectos da personalidade de uma criança são estabelecidos muito antes elo nascimento. Suspeito que o motivo pelo qual os astrólogos ainda se mantêm fiéis ao momento do nascimento tem pouco a ver com a “teoria” astrológica. Quase todo cliente sabe quando nasceu, mas é difícil (e talvez embaraçoso) identificar o momento da concepção de uma pessoa.
Se o útero da mãe pode afastar influências astrológicas até o nascimento, será que podemos fazer a mesma coisa com um pedaço de filé?
Se forças tão poderosas emanam do céu, por que elas são inibidas antes do nascimento por uma fina camada protetora feita de músculo, carne e pele? Se o horóscopo potencial de um bebê for insatisfatório, será que poderíamos retardar a ação das influências astrológicas circundando imediatamente o recém-nascido com um naco de carne até que os Signos celestiais fiquem mais auspiciosos?
Se os astrólogos são tão bons quanto afirmam, por que eles não são mais ricos?
Alguns astrólogos respondem que não podem prever eventos específicos, apenas tendências amplas. Outros alegam ter o poder de prever grandes eventos, mas não pequenos acontecimentos. Mas, seja como for, os astrólogos poderiam ganhar bilhões prevendo comportamento geral do mercado de ações ou do mercado futuro de ouro – assim não precisariam cobrar consultas tão caras de seus clientes. Em outubro de 1987, quantos astrólogos previram a Segunda-Feira Negra na Bolsa de Valores de Nova York e advertiram seus clientes a respeito?
Estarão incorretos todos os horóscopos feitos antes da descoberta dos três planetas mais distantes (e o posterior rebaixamento de Plutão)?
Plutão e Caronte
Alguns astrólogos afirmam que o signo do Sol (a localização do Sol no zodíaco no instante do nascimento), usado exclusivamente por muitos horóscopos de jornais, é um guia inadequado para os efeitos do Cosmo. Esses praticantes “sérios” (geralmente aqueles que perderam o lucrativo negócio das colunas de astrologia na imprensa) insistem que a influência de todos os corpos principais no sistema solar deve ser levada em consideração – incluindo Urano, Netuno e Plutão, que somente foram descobertos em 1781, 1846 e 1930, respectivamente. Nesse caso, o que será que acontece com a alegação de alguns astrólogos, segundo a qual sua arte tem permitido previsões corretas durante muitos séculos? Não estarão errados todos os horóscopos traçados antes de 1930? E por que as imprecisões dos antigos horóscopos não levaram os astrólogos a deduzir a presença de Urano, Netuno e Plutão muito antes que os astrônomos os descobrissem? E que acontecerá se os astrônomos descobrirem um décimo planeta? E que dizer dos asteroides e das luas do tamanho de planetas, localizados na periferia do sistema solar?
Não deveríamos condenar a astrologia como uma forma de intolerância?
Numa sociedade civilizada, deploramos todos os sistemas que julgam os indivíduos meramente pelo sexo, cor da pele, religião, nacionalidade ou por quaisquer outros acasos de nascimento. No entanto, os astrólogos alardeiam que podem avaliar as pessoas baseados em outro acaso de nascimento – as posições dos corpos celestes. Será que a recusa em namorar alguém do signo de Leão ou de empregar alguém de Virgem não é tão condenável quanto a recusa em namorar um protestante ou dar emprego a um negro?
Por que diferentes escolas de astrologia discordam tão frontalmente entre si?
Os astrólogos parecem discordar em relação às questões mais fundamentais de seu ofício: levar ou não em conta a precessão (o movimento) do eixo da Terra, quantos planetas e outros corpos celestes devem ser incluídos e principalmente – que traços de personalidade devem ser atribuídos aos fenômenos cósmicos. Leiam-se dez colunas diferentes sobre astrologia, ou consultem-se dez diferentes astrólogos e provavelmente se sairá com dez interpretações diferentes. Se a astrologia fosse uma ciência, como seus proponentes sustentam, por que seus praticantes não estão convergindo para uma teoria consensual depois de milhares de anos de coleta de dados e de refinamento de sua interpretação? Ideias científicas geralmente convergem com o passar do tempo, na medida em que são testadas em laboratórios e cotejadas com outras evidências. Em contraste, sistemas baseados em superstição ou em crença pessoal tendem a divergir, pois seus praticantes vão esculpindo nichos separados enquanto se acotovelam na disputa por poder, riqueza ou prestígio.
Se a influência astrológica é exercida por alguma força conhecida, por que os planetas dominam?
Se os efeitos da astrologia podem ser atribuídos à gravidade, à força das marés ou ao magnetismo (cada qual invocado por uma escola diferente), mesmo um calouro em Física poderia realizar os cálculos necessários para ver o que realmente afeta um recém-nascido. Esses cálculos estão formulados para muitos casos diferentes no livro Astrology: frue or false (Astrologia: verdade ou mentira, não editado no Brasil), de Roger Culver e Philip Ianna.
Por exemplo, o obstetra que faz o parto exerce um força gravitacional cerca de seis vezes superior à Marte e cerca de dois trilhões de vezes maior do que a da maré. O médico pode ter muito menos massa do que o planeta vermelho, mas estará muito mais perto do bebê.
Se a influência astrológica é exercida por uma força desconhecida, por que não depende da distância?
Todas as forças de longo alcance conhecidas no Universo ficam mais fracas à medida que os objetos se distanciam. Mas, como seria de esperar de um sistema que tivesse a Terra no sue centro, imaginado há milhares de anos, as influências astrológicas não dependem em nada da distância. A importância de Marte em um dado horóscopo é idêntica, esteja o planeta do mesmo lado do Sol que a Terra ou sete vezes mais distante, do outro lado. Uma força independente da distância seria uma descoberta revolucionária.
Se a influência astrológica não depende da distância, por que não existe astrologia de estrelas, galáxias e quasares?
Nebulosa Caranguejo
O astrônomo francês Jean-Claude Pecker observou que os astrólogos parecem ter uma mente muito estreita quando limitam seu ofício a nosso sistema solar. Bilhões de estupendos corpos espalhados por todo o Universo deveriam somar sua influência à dos nossos pequenos Sol, Lua e planetas. Será que um cliente, cujo horóscopo omite seus efeitos de Rigel, do pulsar do Caranguejo e da galáxia M31, recebeu um mapa astrológico realmente completo?
Mesmo se concedermos aos astrólogos o benefício da dúvida em todas essas questões – aceitando que possam existir influências astrológicas além de nosso conhecimento atual do Universo -, há um devastador pormenor final. A astrologia simplesmente não funciona. Muitos testes comprovaram que, a despeito de suas alegações, os astrólogos não podem prever coisa alguma. Afinal de contas, não precisamos saber como algo funciona para perceber se funciona. Durante as duas últimas décadas, enquanto os astrólogos sempre estavam de alguma forma muito ocupados para conduzir testes estatisticamente válidos de seu trabalho, cientistas físicos e sociais o fizeram por eles. Consideremos alguns estudos representativos.
O psicólogo Bernard Silverman, da Universidade de Michigan, estudou as datas de nascimento de 5956 pessoas que estavam casando e de 956 outras que estavam se divorciando. A maioria dos astrólogos afirma que podem ao menos prever quais os signos astrológicos compatíveis ou incompatíveis quando se trata de pessoas. Silverman comparou tais previsões com os registros reais e não encontrou nenhuma correlação. Homens e mulheres com “signos compatíveis” casaram e se divorciaram com a mesma frequência de casais com “signos compatíveis”. Muitos astrólogos insistem que o signo do Sol de uma pessoa se relaciona fortemente com a escolha de sua profissão. Realmente, o aconselhamento vocacional é uma importante função da moderna astrologia. O físico John McGervey, da Universidade Case western Reserve, de Cleveland, analisou biografias e datas de nascimentos de cerca de 6 mil políticos e 17 mil cientistas para ver se os membros dessas profissões estariam agrupados em certos signos, como os astrólogos predizem. Ele verificou que os signos de ambos os grupos se distribuíam completamente ao acaso.
Mapa astral

Para superar as objeções que seriam levantadas por astrólogos que acham que apenas o signo é insuficiente para uma avaliação, o físico Shwan Carlson, do Laboratório Lawrence Berkley, realizou um engenhoso experimento. Grupos de voluntários foram solicitados a dar as necessárias informações para a preparação de um horóscopo completo e a preencher o chamado California Personality lnventory, um questionário padrão empregado pelos psicólogos, que trabalha apenas com o mesmo tipo de termos descritivos, genéricos e amplos que os astrólogos utilizam. Uma “respeitada” organização astrológica construiu horóscopos para os voluntários enquanto 28 astrólogos profissionais, que haviam aprovado o procedimento antecipadamente, receberam cada qual um horóscopo e três perfis de personalidade, um dos quais pertencia ao sujeito do horóscopo. A tarefa deles era interpretar o horóscopo e determinar a qual dos três perfis ele correspondia.
Embora os astrólogos tivessem previsto um resultado superior a 50 por cento de acertos, o resultado final, em 116 tentativas, foi de apenas 34 por cento de acertos – exatamente o que se pode esperar de simples palpites. Carlson publicou seus resultados na edição de 5 de dezembro de 1985 da revista científica Nature, para grande constrangimento da comunidade astrológica. Outros testes mostram que pouco importa o que diga um horóscopo, desde que a pessoa sinta que as interpretações foram feitas para ela, pessoalmente. Poucos anos atrás, o estatístico francês Michel Gauquelin enviou a 150 pessoas o mapa astral de um dos piores assassinos da história francesa e perguntou-lhes se elas se identificavam com aquela descrição. Noventa e quatro por cento das pessoas responderam que se reconheciam naquele mapa.
Os astrônomos Culver e Ianna verificaram que, de mais de 3 mil previsões de astrólogos conhecidos (muitas das quais sobre políticos, artistas de cinema e outras pessoas famosas), somente cerca de 10 por cento deram certo. Se as estrelas levam os astrólogos a nove previsões incorretas em cada dez tentativas, elas dificilmente podem ser consideradas como guias confiáveis para quaisquer decisões. Evidentemente, aqueles de nós que amam a Astronomia não podem simplesmente esperar que desapareça a paixão desenfreada do público pela astrologia. Devemos nos manifestar contra ela, sempre que necessário ou apropriado, debatendo as suas deficiências e encorajando um interesse pelo Cosmo real, de mundos e sóis remotos, que piedosamente não estão preocupados com as vidas e os desejos das criaturas do planeta Terra. Não devemos permitir que mais uma geração de jovens cresça algemada a uma antiga fantasia, resquício de um tempo em que o homem se encolhia perto do fogo, com medo da noite.
Argumentos contra a astrologia
Uma vez que alguns astrólogos afirmam ser capazes de fazer previsões sobre o futuro, deve ser possível elaborar um método para medir a precisão destas previsões. Aqui vários céticos acreditam que se poderia usar o mesmo método usado para a Meteorologia que é usada para prever o tempo. Contudo, os astrólogos negam este tipo de teste argumentando que o fator humano presente no trabalho astrológico não permite uma comparação legítima às ciências exatas, mas sim às ciências sociais e humanas, tais como a Psicologia e Sociologia. Até hoje, a nível oficial, nenhum astrólogo apresentou um teste às capacidades preditivas da astrologia, e os testes feitos por terceiros não demonstraram que o grau de precisão das técnicas testadas fosse superior ao do puro acaso.
Outros astrólogos afirmam que a astrologia não é usada para prever o futuro, e sim para guiar e orientar os seus clientes através do seu potencial revelado no horóscopo. Ainda assim, testes usando dois grupos de controle mostraram que o grau de precisão de um astrólogo, ao combinar um horóscopo com o perfil de um cliente, não é maior que uma pessoa leiga fazendo as mesmas associações. Por outro lado, outros testes, como aquele executado pelo famoso cético Michael Sherner ao astrólogo védico mostram exatamente o oposto.
Lua
Alguns astrólogos, por vezes, usam argumentos científicos para explicar suas práticas. Por exemplo, costuma-se dizer que, como a Lua causa as marés na Terra, é razoável acreditar que a força gravitacional de outros corpos celestes, mais pesados como os planetas pode nos afetar também. Este argumento é inválido por duas razões:
O puxão gravitacional de um planeta como Saturno, com massa 90 vezes maior que a da Terra, em uma pessoa daqui da Terra é igual ao puxão gravitacional de um carro a 1,7 metros desta pessoa. Ainda assim os astrólogos não parecem interessados na posição dos carros na hora do nascimento de ninguém, ou mesmo se a pessoa nasceu em um estacionamento.
Esses astrólogos não oferecem qualquer explicação plausível e testável de como a força gravitacional pode afetar a personalidade de uma pessoa, por que somos suscetíveis ao efeito gravitacional durante o nascimento nem de como uma influência gravitacional no passado pode afetar nosso destino futuro.
Outra tentativa de explicação científica para a Astrologia é a de que os corpos celestes pesados afetam o campo magnético da Terra e que o campo magnético da Terra de alguma forma, afeta a pessoa durante o nascimento. O problema é que o campo magnético da Terra é extremamente fraco se comparado com outras fontes. Ele varia de 0,3 Gauss a 0,6 Gauss dependendo do ponto na Terra. Pode-se ter um campo magnético muito maior que este usando-se apenas um imã de geladeira.
Roda do zodíaco
O sistema do Zodíaco tropical, usado pela maioria dos astrólogos no ocidente, não se alinha com as constelações do mesmo nome. Isto induz a maioria dos céticos a fazerem uma associação entre a faixa de constelações real e aquela usada pelos astrólogos. Contudo, não há qualquer associação entre os dois. As constelações sempre tiveram tamanhos diferentes entre si, enquanto os signos são – e sempre foram – de 30º exatos. Parte da razão pela qual este mito persiste se deve ao fato de muitos astrólogos falarem frequentemente dos signos pelo termo “constelação”.
Como resultado da confusão entre constelação e signo, a constelação de Serpentário (ou Ofiúco) é muitas vezes referida como a 13º constelação do zodíaco.
A astrologia antiga conhece apenas até o planeta Saturno e os trans-saturnianos foram batizados por não astrólogos, assim é difícil para a maioria dos céticos crerem que possam ser usados nas análises modernas. A maioria dos astrólogos modernos reconhece Plutão como planeta principal, e procuram fazer o mesmo com outros astros, como Éris, que foi descoberto na década de 2000 provando que poderia haver vários outros corpos celestes pequenos e similares. Os astrólogos afirmam que, como qualquer corpo de conhecimento, também a astrologia evolui e a adição de novos planetas, asteroides ou outros elementos do céu não põe em causa, de todo, o conhecimento passado.
O mapa astral, também conhecido como horóscopo, é elaborado a partir do nascimento de um indivíduo, ou objeto, ou país. A maioria dos céticos questiona porque o momento do nascimento é tão importante e não o da fecundação, onde efetivamente se define o DNA de um zigoto, elemento biológico reconhecidamente influenciador da personalidade e constituição física de um indivíduo? A resposta dos astrólogos é que é no momento de nascimento que a entidade se torna um indivíduo. No caso de um país, por exemplo, não basta a ideia de formar país, mas sim o momento em que a existência do país é oficializada e já não há retorno.
Se uma mulher que marca uma cesariana não estaria mudando o destino cósmico de seu filho? A resposta dos astrólogos a esta questão não faz sentido porque ninguém tem um destino traçado no seu horóscopo – caso contrário todas as pessoas com um horóscopo igual teriam também destinos similares.
Alguns céticos questionam o que marca o momento de nascimento. Se um parto demora 20 horas, o que define o instante exato? As primeiras contrações, o estouro da bolsa, o aparecimento da cabeça do bebê pela vagina (ou corte da cesariana) ou o corte do cordão umbilical? Talvez fosse ainda, o momento mais provável de ser o utilizado na grande parte dos mapas, aquele que um médico ou enfermeiro resolve anotar como sendo a hora do nascimento. No caso de nascimento de um país ou objeto, a definição de um instante exato é ainda mais subjetiva. Em resposta, alguns astrólogos consideram que aquilo que determina o horóscopo de uma pessoa é o momento em que ocorre a primeira respiração, embora nas abordagens mais modernas da astrologia ocidental o momento do corte umbilical é o que realmente importa. Os astrólogos, em geral, também reconhecem que os dados de nascimento registrados podem não estar completamente corretos, razão pela qual podem aplicar técnicas de retificação para descobrir a hora e minuto exatos de nascimento.
Sendo ainda o momento do nascimento decisivo para a personalidade de um indivíduo, por exemplo, para a formação de um grande atleta, alguns céticos questionam se não seria de esperar que em uma olimpíada houvesse grande concentração de competidores que houvessem nascido em um mesmo instante? Da mesma forma, normalmente profissionais de uma mesma área tem comportamentos e personalidades semelhantes, como por exemplo a letra normalmente ruim dos médicos. Seria esperado que a maioria tivesse o mesmo horóscopo, mas isso não ocorre. Os astrólogos respondem a este argumento afirmando que o horóscopo representa apenas o potencial do indivíduo, e não o seu destino. Como tal, existem diversas variantes como a genética do indivíduo, meio familiar, social e cultural, etc. que influenciam as decisões de cada um e devem ser consideradas.
Alguns céticos também questionam porque os astrólogos ignoram alguns astros, como os satélites Ganimedes e Titã apesar de serem maiores que o planeta Mercúrio, ao que os astrólogos respondem que nem tudo o que existe no espaço foi estudado astrologicamente e, nos casos dos satélites naturais de certos planetas, tal estudo seria difícil visto que ocupam o mesmo grau do mesmo signo que o planeta que orbitam e, por consequência, não seria possível diferenciar o efeito de um ou outro. Em adição, alguns astrólogos defendem que os satélites naturais não fazem mais que replicar o efeito do planeta que orbitam. Esta teoria explica porque alguns astrólogos defendem que a Terra rege o signo de Caranguejo e, por isso, se um dia nascer um bebé fora do planeta Terra, será o planeta, e não a Lua, que deverá ser considerado na interpretação de um horóscopo.
Argumentos a favor da astrologia
O que se chama popularmente de astrologia são os horóscopos de jornal, que não são considerados sérios pelos astrólogos.
Zodíaco
O Zodíaco tropical é o mais utilizado pelos astrólogos no ocidente. Esse sistema leva em conta tanto o Equinócio de primavera do hemisfério norte como a entrada do signo de Áries, iniciando o ano astrológico. Isso significa dizer que a astrologia tradicional não utiliza as posições das constelações e sim as estações do ano e os ciclos naturais para definir os períodos do ano astrológico. O ano astrológico é dividido em 12 signos de 30 graus cada um. Cada signo leva o nome de uma constelação por há aproximadamente 2000 anos coincidindo com as constelações astronômicas. Essa diferença ocorre devido ao movimento de precessão do eixo terrestre; então, na Astrologia clássica, são mais importantes os ciclos naturais do nosso planeta em relação ao céu, e isso é o que define os signos ou símbolos estereótipos.
Uma configuração planetária só se repete uma vez a cada 25.858 anos, devido ao movimento de precessão. Além disso, segundo os astrólogos, para duas pessoas terem exatamente as mesmas características e passarem pelas mesmas experiências de vida, deveriam nascer no mesmo instante, no mesmo local, com a mesma herança genética, a mesma influência familiar, social, e cultural – o que é impossível visto que mesmo irmãos gêmeos que tenham, hipoteticamente, nascido no mesmo segundo, não podem preencher o mesmo espaço e à medida que crescem, terão que tomar decisões que os distinguem inevitavelmente.
Conta-se como exemplo o caso de Samuel Hemmings, que teria nascido no mesmo dia, no mesmo local e quase no mesmo instante que o rei Jorge III do Reino Unido, em 4 de junho de 1738 e cujas experiências de vida teriam vários paralelos: casaram e morreram no mesmo dia e, no dia em que o rei foi coroado, ele abriu um negócio de ferragens. Apenas o fator social, que não é previsto pela astrologia, impediu que ambos tivessem o mesmo tipo de negócios, mas ambos se tornaram administradores: um de um reino, outro de um negócio.
Alguns astrólogos dizem que a influência dos planetas é ocasionada por energias de origem espiritual, e que por isso mesmo não podem ser mensuradas pelos cientistas através de aparelhos. Os céticos questionam porque esses astrólogos deixam de explicar como eles podem interpretar estas mesmas energias espirituais se não são capazes de medi-las, enquanto outros astrólogos negam esta abordagem e defendem que a astrologia e a espiritualidade devem ser mantidas em separado.
Carl Sagan
Como já disse Carl Sagan, a astrologia dá significado cósmico às rotinas dessas pessoas e, dentro de suas estranhas mentes, elas acreditam que seu destino e sorte são controlados pelas estrelas. Mais uma razão para não acreditar em nada do que eles dizem. E você. Acredita ou não? E por quê?
Fontes:
http://gizmodo.uol.com.br/e-por-isso-que-os-horoscopos-sao-um-amontoado-de-besteiras/

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