domingo, 22 de junho de 2014

Copa do Mundo 2014 em 4 atos: 1o ato (Uruguai x Inglaterra)

19 de junho de 2014. Até sair a tabela da Copa, não imaginaria um jogo aqui em São Paulo nesta data. Até o sorteio dos grupos, não imaginava um jogo entre duas seleções campeãs mundiais, três títulos em campo. Até o dia 14 de junho, por volta de 21h eu não imaginava que seria um mata-mata na fase de grupos.
O dia começou cedo (ok, não tão cedo), graças à uma visita que tocou a campainha várias vezes, até eu aparecer no portão descabelado, de olhos inchados e mau humor. Só que essa parte não interessa, ok?
Bandeira inglesa
Saímos de casa (eu e a patroa) por volta de 12h, rumo à Arena Corinthians. Jogo marcado para começar às 16h, então a ideia era chegar cedo, se ambientar e bagunçar um pouco.
Fomos pela linha 9 até Pinheiros e até ali nada indicava que haveria jogo de Copa do Mundo. Conforme fomos descendo as escadas para o metrô, foram aparecendo torcedores, até que dentro do vagão, lotou de pessoas com camisas das seleções que se enfrentariam mais tarde e do Brasil também.
Neste sentido fomos muito bem sucedidos. Descemos na estação Artur Alvim por volta das 14h e após atravessar pacientemente a passarela lotada, vimos que os ingleses tomaram todos os bares e botecos do trajeto. Os uruguaios cantavam muito e já caminhavam para o local do jogo e fomos acompanhando a turma por todo trajeto. Muita cantoria e um pouco de provocação, mas com muito respeito, nenhuma violência. A barreira da língua superada com muita alegria.
Chegando ao estádio
Após uma boa caminhada e passar por duas barreiras e alguns moradores da região, chegamos à Arena Corinthians. Estádio bonito, moderno, tudo bem sinalizado, com muitos voluntários orientando e bastante segurança. enfim adentramos o estádio. De ruim mesmo é o preço dos lanches e das bebidas, bem padrão FIFA.
Comemos e andamos pelo setor oeste. Conseguimos descer até quase pisar no gramado. O que separa a torcida do campo (e nos separou dele também) é uma grade baixa e os "stewards" (seguranças voluntários). Claro que o encantamento foi enorme. Voltamos a subir e procuramos o banheiro. Tudo novo, de primeira.
Arena Corinthians
Havia de tudo ... gente com peruca azul e branca, pessoas fantasiadas de soldados da Rainha. Uma Rainha de barba e um guarda feminino acompanhando. Um fantasma uruguaio, cavaleiros medievais ingleses. Argentinos, alemães, russos, mexicanos ... palmeirenses, santistas, corinthianos, são-paulinos, todos unidos, sem violência. Ali estava representada uma pequena parte do que deveria ser o mundo, todos unidos em prol de um objetivo comum.
Subimos as escadas do portão P. Parece que não acabavam mais, mas em todos os andares havia banheiros e bares. Incrível que o setor é provisório. Logicamente fizemos uma parada estratégica para comprar mais alguns lanches e refrigerantes. Ok, refrigerantes não, cerveja. Mas era Budweiser.
Enfim saímos nas arquibancadas e subimos os últimos degraus. Enfim, chegando à nossa fileira, fui olhar nossa localização. Pra quê? Achei um pouquinho alto, mas bem protegido. Todos os lugares marcados e pasmem ... respeitados. Ninguém nos nossos lugares! O estádio foi se enchendo aos poucos, com mais torcedores uruguaios que ingleses.
Pertinho do gramado

Nisso já era um pouco mais de 15h. Cerca de 20 minutos depois os jogadores entraram em campo para fazer o aquecimento. Na entrada da seleção celeste, muitos gritos e aplausos. Na entrada dos súditos da rainha, algumas vaias. Na entrada dos juízes ... bom, só vaias.
Aos poucos o estádio foi enchendo. Do lado onde estávamos, muitos uruguaios, do lado oposto, mais ingleses. Os minutos foram passando, os times entraram nos vestiários novamente. O início estava próximo, a tensão ia aumentando ... no telão as escalações. Os jogadores mais comemorados foram Lodeiro, Cavani e claro, Luis Suarez. Do lado inglês, Steven Gerrard.
Tem início a entrada conforme o protocolo. Bandeira da FIFA, do Fair Play, dos países que irão se enfrentar, logo em seguida árbitros e jogadores. Emoção e muito respeito na hora dos hinos. Os jogadores se cumprimentam e tomam suas posições.
Momento solene: hinos nacionais
Tudo isso observado pelos torcedores. Uruguaios cantando, ingleses gritando. Nós brasileiros fazendo em parte uma coisa, em parte outra. Parte torcendo para os cisplatinos, parte para os britânicos. Particularmente torci pelos jogadores do Liverpool (Johnson, Sterling, Sturridge, Henderson e a lenda Gerrard - pelos ingleses e Luis Suarez pelo Uruguai). Admito a culpa por ter pedido para o Suarez fazer dois gols na partida, mas em meu favor, pedi um do Gerrard e um do Sturridge.
A patroa torcendo fervorosamente pelo English Team (principalmente pelo Rooney). Achei que a Inglaterra merecia sorte melhor, porque procurou mais o ataque, mas a seleção uruguaia se deu melhor em sua proposta, vencendo a partida por 2 a 1 (Suarez, 1 a 0; Rooney 1 a 1 e Suarez 2 a 1).
Cada lance de perigo o povo se levanta. Muitos chutes para fora. No começo um jogo chato, com poucas emoções, mas assim que o Uruguai fez o primeiro gol tudo mudou. Inglaterra em cima, Uruguai se defendendo até o fim do primeiro tempo. Por sorte, a ida ao WC aconteceu antes do

Um momentinho do jogo
intervalo. A julgar pela quantidade de pessoas que desceu para os bares e banheiros, imaginei que só voltaria ao meu lugar durante Holanda x Chile.
Costumeiramente perco a voz toda vez que vejo jogos in loco. Desta vez não, talvez por torcer um pouco para cada lado. Gritei nos gols do Uruguai e comemorei o gol inglês. Devem ter pensado que sou louco, mas enfim. O jogo termina, com boa parte do estádio em festa e uma parte um pouco menor cabisbaixa. E minha hooligan favorita xingando até ... Na saída, apesar de 62 mil pessoas irem embora ao mesmo tempo, nenhuma confusão. Muita lentidão, muita cantoria, mensagem de agradecimento no telão externo (em 3 línguas) e um não tão longo mas demorado caminho até o shopping.
Telão externo. De nada!!
Claaaaaro que não podia faltar uma visitinha ao shopping Itaquera. Nem uma boa janta, muito menos uma jarra de chopp. E realmente não faltou. Chegar até lá foi complicado, mas conseguimos e mesmo dentro do shopping havia muitos torcedores da Celeste. Ingleses? Quase nenhum.
Antes de ir embora fomos ao fumódromo do shopping. Surpresa! Uma pequena fan-fest onde estava passando Grécia x Japão. Esposa fumando, eu vendo o jogo. Na saída um mexicano vem pedir o isqueiro e ficamos conversando. Bastou falar em Chispirito e a conversa fluiu em portunhol intermediário.
Depois no trem expresso entabulamos uma conversa com um grupo de ingleses. Eu com minha camisa do Liverpool não fiz muito sucesso. Acho que peguei o vagão errado, porque só haviam alguns uruguaios e torcedores do Manchester United.
A pequena fan-fest no Shopping Itaquera
Descemos na Luz e fomos para a linha amarela ... de lá para Pinheiros e de Pinheiros via linha esmeralda para nossa casa. A previsão de chegada era por volta de 19h, 20h, mas chegamos após as 22h. E vou falar ... queria que o dia não acabasse!!
PS: até o momento muitos consideram este o melhor jogo da Copa. Vai ter sorte assim lá em ... Itaquera!

2 comentários:

Luciano Deppa Banchetti disse...

#CopadasCopas neste últimos anos, no Brasil, vários por diversos motivos agradecem à sorte. Que bom que você foi mais um, Marcelão! Muito bom o post, bacana dividir essa experiência. Valeu!

Luciano Deppa Banchetti disse...
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